Tuesday, September 16, 2014

Num Rompante Poético.
Sem freio.
Desembestado.
Tentando registrar um pouco, 
aqui, 
os últimos dias.
Imersa.
Vislumbro uma atualização do mundo pré-socrático, 
onde a arte seja a mediação de tudo que é gente com o tudo que é o mundo. 
A poesia? Eixo precário que em mim resiste.



Manga,

Resolvi escrever isso, porque a vi, uma vez, debaixo duma árvore. 
Ela não percebeu minha presença. 
A moça chupava manga com os olhos fechados. O caldo da manga escorria dos pulsos rumo aos cotovelos. A moça chupava manga com os olhos fechados. O tempo parou dentro do gosto da polpa da manga.
Eu era menina.
Fiquei escondida num barranco.
Eu era boba demais para chupar manga daquele jeito.
Eu só sabia duvidar do gosto daquela manga.
Quando ela terminou aquele poema escrito com a língua alaranjada,
eu saí correndo mata afora.

(T.C)



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Aquele homem chamava por mulheres e cães, sempre assobiando.
As mulheres e os cães: um certo cansaço.
As mulheres seguraram o homem.
Seguraram o homem enquanto os cães comiam sua língua fresca num prato.
O cão nunca foi o melhor amigo do homem.
A mulher nunca foi o sexo frágil.
O assobio do homem virou um buraco na face.
O buraco na cara do homem.
O homem dentro do buraco da cara face.
O que faltou neste poema:
Antes do crime,
Cães e Mulheres,
pediram incessantemente
que
ele
parasse.

(T.C)



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O gato comendo a ave.
A ave inocente.
O gato cego de fome.
(ave maria para a ave tardia)
Miô-pia.

(T.C)



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Você compra tudo o que se ven-de.
E não percebe o que veM de você.
R$ 1,99 de carne para um corpo vende-dor:
Com
Pra
Quem?

(T.C)




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Tupi Manhãiê

Criê ã uh,
Ahãn hmm aiã.
Ui oi ai hmm õn.
Ah! Ah! Ah! Ah!
Nhan nhã. Tu nhã.
Hmm iô hmm aí
Xi hmm cá diê
Diê hmm diê tá,
Umá florá faúna flô.
Flô gotê manhãiê.
Gutê fulô.

(T.C)






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