Thursday, February 04, 2016

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Curti o poema dele. Era triste como nunca. Pensei em abrir a janela do inbox para saber notícias, mas ele foi mais rápido: "Oi, flor dengosa".
Respondi que por pouco não escrevemos juntos. Ele riu. Falei sobre o poema, da tristeza que chegou até aqui. Cismei que ele estava triste também. Perguntei. Acarinhou-me sua resposta, em completa sintonia "Saudade não é tristeza". Diz que vai voltar, que aprende muito com a dor fora dessa cidade, que por sinal, também é bem dolorida. Disse que leu Neruda para um mendigo dentro do ônibus durante essa madrugada e que o mendigo perguntou se podia descer do ônibus com ele, morar com ele. Chorei enquanto o lia, porque o conheço e consigo até ouvir a voz dele lendo Neruda para o cara dentro do busão. Sei que ele também chorou. E ele confirmou dizendo que quer viver só de poesia, e que tem tentado. Pensei: "mas você, em mim, já vive de poesia". 
O mendigo não desceu do ônibus com ele, mas agradeceu dizendo que fazia muito tempo que não imaginava nada. Agradeceu por voltar a imaginar de novo. E eu, aqui de longe, agradeci por conhecer o mendigo e por re-conhecer o poeta lá na cidade grande. E nos abraçamos driblando o mar de fibra óptica cibernética, querendo ser um pouco analógicos...e tomando aquela cerveja gelada de sempre.


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