Thursday, April 14, 2016

Desculpa aí?
Arranquei os muros,
troquei o portão
por um pé de manjericão.
Do wi-fi tirei a senha
prá facilitar a nossa conexão
O sofá já tá na calçada
junto com a pia, a cachaça e o fogão.
A rede tá pendurada na praça.
e nela dá prá dormir um montão.
Povo, o país agora é nosso
por usucapião!
Troquemos a porcaria da televisão
por um cavaco, um tambor e um violão!
Troquemos a bíblia sagrada
por um manual de estradas
para viagens na contramão!
A escola será na rua
Professor será barão
Professora será rainha
e estudante será gente, então.
A polícia (que delícia) servirá o sopão da nossa refeição.
Grade curricular sem grades:
e aula de artes será livre e grátis
pros planetas Terra, Vênus e Plutão.
E história, será cadeira obrigatória
Disso faremos questão!
E a palavra "proibido" terá o mesmo peso
que dizer "diabo" numa procissão.
Pecado será gente corrupta falar de corrupção.
Pecado será a fome, o racismo, o cinismo, machismo e a escravidão!
Desculpa aí, coxinhas de plantão!
Desculpa aí, reis do camarote!
Desculpa aí, seus pró-impeachment sem noção!
Caí da cama,
despenquei do colchão
(É que dormi e sonhei com uma revolução).
Quer saber?
DESCULPA UMA OVA!
O que vocês estão fazendo
não merece
a
nossa
menor
consideração.



(T.C)

Saturday, April 09, 2016

Quem não pensa por si só, 
não cria, 
não se excita:
vira um parasita.
O parasita nunca será fonte de nada
porque dele só se vê o que já se viu antes
porém com a assinatura alterada.
O parasita é uma máquina de xerox.
Porém com aparência humanizada.
E quem nasceu hospedeiro
conhece um parasita até pela andada.
Enquanto o parasita se acha esperto,
o hospedeiro cai é na gargalhada.
O parasita nunca será fonte de nada.
É o microorganismo do ócio
É o macroorganismo do ódio
Carrega consigo uma característica falta de assunto
[peculiar das entediantes massas manipuladas]


(T.C)
Fale bem baixinho
pois hoje rompe o breu da noite
uma lua nova.
Aviste este fio delicado de luz tão forte...
Todo cuidado é sorte.

(T.C)

Wednesday, April 06, 2016

Há uma carranca de poesia
na cabeceira da minha vida:
Dura, rude, feia, áspera.
Há uma pedra de amolar
no meu silêncio
neutro, mas fervilhado.
Hoje em dia, nem disfarço.
Não tenho inimizade porque
quando o santo não bate,
eu sinto e logo afasto.
Estudei, mas sou doutora é em ser mal educada.
Escrevo desde menina e quase nada.
Nunca escrevi prá ser poeta
Escrevo é para aliviar o peso da pancada.

(T.C)