Wednesday, December 30, 2015

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(T.C)

Wednesday, December 23, 2015

Marias Feliz 2016 - Bairro Padre Faria de Ouro Preto/MG

Marias de cimento que ergueram suas casas.
Marias mestres-de-obras de outras casas também.
Marias viúvas e casadas,
Marias benzedeiras contra "aguamento", contra "saudade" e "espinhela caída".
"Aguamento é a vontade de comer alguma coisa. Se não come, a pessoa fica sentida e entristece".
"Saudade é o sentimento por causa de uma pessoa"
"Espinhela caída é aquela dor forte na barriga"
Marias espíritas,
Marias que faziam rapadura e garapa.
Marias que socaram café e arroz no pilão.
Marias lenhadoras,
Marias Madalenas,
Marias orfanato,
Marias que não querem mais escrever,
Marias que não sentem falta de escrever.
Mas uma Maria adora ler e recomenda livros sobre reencarnação.
Marias que preferem é falar.
Marias que dizem: "Jesus é negão, mas nunca vi nem em encenação-de-teatro um Jesus negro de cabelo cacheado."
Marias que gostam de santas negras, santos negros.
Marias de Santa Efigênia,
Marias de Nossa Senhora Aparecida,
Marias de São Benedito.
Marias que moram em casa onde cada-um-lava-o-seu-prato.
Marias que lavam a roupa, mas quem estende é o parceiro.
Marias que não gostam de cisma, mas gostam de fé.
Marias que fazem o sugolo da freira desde meninas.
Marias que dormiam de barriga colada na parede
que é prá Deus "não jogar menino na barriga".
Marias que pararam de fumar e que pediram que eu também pare.
Marias que fazem "coisa de homem", sim.
Marias vividas, que não querem namorar mais porque "Um raio não cai no mesmo lugar duas vezes".
Marias forrozeiras.
Marias que gostam de fazer o que querem na hora que querem.
Diz uma frase, Maria?
"Digo: Amigas para sempre".
(de mãos dadas)

(Thaiz Cantasini - 23/12/2015 - Bairro Padre Faria - Ouro Preto/MG)

Friday, December 18, 2015

3 horas de prosa, as 3 histórias e as três Marias.
Maria, esta é Maria.
Maria, esta é Maria.
Maria, muito prazer: meu nome é Maria.
Dia de luto: Marias viúvas que lutam.
Homens violentos que morreram primeiro.
Os 4 tiros, o facão amolado toda noite embaixo da cama: "Hoje você vai trabalhar nesse quarto".
A fome, a rapa de arroz na casa da vizinha, os 4 filhos, o tapa na orelha que ainda dói: "As mulheres da zona são melhores que você".
Ser evangélica para agradecer a obra de Deus: Ser viúva foi milagre.
"Olha aqui a marca do tiro. Deus me salvou da morte."
"Santa Efigênia tem uma casa nas mãos. Eu estava desesperada e pedi uma casa para ela. Uma casa em minhas mãos também."
Comigo também, Maria.
"Quem casa quer casa. Eu queria ir embora da casa"
Maria, eu não sou evangélica. Mas eu sou mulher.
Maria, eu não sou católica. Mas eu sou mulher.
Me dá um abraço.
Maria, eu não quero parar de conversar com você.
dá seu telefone, eu quero guardar essa foto.
Eu mando prá você.
Eu perdoei a outra mulher dele. Somos amigas.
Eles estão mortos. Mas poderia ser a gente.
Maria com a bíblia na mão, agradece.
Maria, muito prazer. Esta é Maria.
Maria, muito prazer. Esta é Maria.
Choramos cortando nossas cebolas.
Nossa, já é hora do almoço.
Eu nem vi o tempo passar.
Volta?
Volto.
Eu também nunca vou me esquecer de você.
Maria, até logo.
Maria, até já.
Maria, boa tarde.
Maria, até outro dia.
(T.C - 18/12/15. Das 9 ao meio dia - Cachoeira do Campo-MG)

Tuesday, December 15, 2015

Odoya rondando minha arte,
e sussurrando que anda por perto.
Sons de espuma e vento, fluxos, corais, sal: ritmias dela.
Componho para ela,
acesso seu rosto e 
o som do ar quando toca a barra de seu vestido azul clarinho e prateado.
Boio no colo dessa sereia
(que rainha carinhosa)
Dou-lhe pentes e uma sacola com notas musicais.
Que vontade estar agora na beira do mar,
molhar os meus cabelos ali,
(nas ondas sonoras dela)
escrever mais um pouquinho...

E depois cantar.


(T.C)

Friday, December 04, 2015

Oiêi Oyá
Óia lá
Oiêi Oyá
na fúria do raio trovão
ela lançou um raio
pela palma da mão
que tocou o mundo inteiro
e ligou o botão do atabaque do terreiro
Oiêi Oyá
Óia lá
a flecha de luz na imensidão
é fogo desenhando o céu
é fogo desenhando o chão.

dia 04 de dezembro
Iansã vem visitar o povo aflito
e quando mistura fogo, água e vento
tá dizendo prá gente caminhar unido
e acabar com as pobreza do coração
Oiêi Oyá
na fúria do raio trovão
ela lançou um raio
que tocou minha devoção.
Raio com curta circuito
prá acordar quem tá dormindo
prá riscar faísca rindo
prá desanestesiar a mansidão.
Oiêi Oyá e beijei sua saia
E Oyá catou-me pela mão
Embalou-me com teu pano
Adotou-me com paixão.
Te saúdo, mãe bonita
com essa poesia de chita
embanhada de renda, fita e cordão