Monday, October 21, 2013

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Madrugada de Pensar

Todo turbilhão carrega consigo uma certa paz, secreta.
Escrevo isso ainda trêmula.
As caixas feitas
e eu também estou dentro delas.
Mudando de lugar.
Essa paz secreta, 
que custei prochegar á beira do assunto
tem um certo repouso
(tons pastéis)
Eu os vejo 
O rosto cansado
inaugura um sorriso pequeno
e demorado.
É noite.
Eu vejo um silêncio que dura 3 ou quatro segundos. É pleno. É pausa.
Estico os braços e pego um punhado de nada com as mãos abertas.
(Completamente abertas)
Nunca foi tão bonito descansar.
Um espaço se despede
prá outro poder chegar.
(Completamente aberto)
Madrugada de pensar.


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Wednesday, October 16, 2013

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Mar-isco


Ah, mariscos...
Isco! e ela no mar ria.
em franco mar.
Mar calma-ria.
Dois ciscos
(delicados)
E um mar
(vasto e profundo)
Para Marias e Franciscos.



(Para as crianças de Daniela Moreno)


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Monday, October 14, 2013

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Poeminha com gosto de pitanga

(para colorir, recortar, colar, apagar ou completar)
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......................................................................................................................................... E então, eu disse para o menino que eu tinha 33 anos.
Ele disse que o número é tão sonoro que até parece um trava-língua.
.......................................................... daí,
Abaixou e me beijou os pés. 
(......desse jeito que você está vendo.........)
Travei a língua.
(Fiquei à míngua)
Ele tinha olhos de pitanga.
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(Extra!Extra!)Mensagem de um pombo-correio:::::::::::::::::::
É do menino com a desculpa de que tem medo do escuro.......................................................................

....................Então tá! ::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::.
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Mas o que ele não pressentia era que.....................................................
(eu também só durmo com a lanterna ligada)
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Ai que medo



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Sunday, October 06, 2013

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Do céu da boca à boca do estômago
uma vertebral de invertebrados.
Serpentes circulares erguendo meu corpo
pendurando em alguma nuvem desprevenida.
Ganchos com os rabos delas, tantos sons de chocalhos.
Elas me dizem que tenho um encontro marcado comigo.
Elas falam uma língua nova, eu nunca ouvi nada parecido.
São douradas, laranja. 
E ás vezes, ocre como cobre antigo.
Sinto medo, mas elas são as guardiãs do portal que preciso atravessar.
Ninguém poderá fazê-lo por mim.
Quando rastejam pelo meu corpo, já consigo até fechar os olhos.
Sonho com elas, geralmente elas dançam dentro d´água.
Não sei se dançam para mim, estou aprendendo.
Os códigos são difíceis de decifrar.
Eles estão além do entendimento.
Eu me sinto uma iniciada em alguma coisa.
Escute (sussurando): Elas estão me chamando de novo.
Será que sou uma delas?
(Será que sou uma delas...)
Eu tenho confiado em serpentes.


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Saturday, October 05, 2013

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Feitiço do Sol

Os enfeitiçados pelo sol, sabem que todo anzol não cabe na boca do peixe.
Os enfeitiçados pelo sol, sabem que toda chuva goza um rio.
Os enfeitiçados pelo sol, acendem velas quando anoitece.
E quando anoitece, o sol dança no baixo ventre de cada filho.
E olham para a lua, sem mais medo das suas fases
Harmonizam-se, ao luar.
Toda noite tem sua sombra.
E toda sombra
supõe um sol
atrás.


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Thursday, October 03, 2013

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Uma música antiga, numa letra nova.
Sustenido suspiro
que carece
de.
(pausa)
Uma letra antiga, numa música nova
que escuta
à.
(pausa)
Ostinatos da tarde,
som de prego na parede
som da roupa molhada sendo batida na beira de um tanque
Partituras em renda, filó ou tule.
Fermata no formato
que.
(pausa)
Compasso ternário
ou uma foto 3 por 4?
Uma música líquida
que escorre e corre em fugata
para.
Tudo é som
onde.
(pausa)
Respiro em semifusa
essas semicolcheias
cheias
de
semibreves.
Aqui, no vácuo,
descobri um harmônico
em.
que.
tudo.
ressoa.
(pausa)
Parece um si bemol
lá no sol.
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(Talvez seja um ponto de aumento nessa pausa)



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Wednesday, October 02, 2013

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Não escrevo para um destinatário preciso.
Cada letra, uma garrafa lançada ao mar.
Não sei como nem onde chegarão.
Se encontrá-las, peço apenas que não quebre os vidros.
Deixe que o próprio mar e seu movimento as distorça.
(ou quebre-os, se tens manias por cacos e rolhas)
Ando ocupada demais.
Escrevo para desocupar.
- Desocupar aqui dentro.
Como um espirro.
Como um bocejo.
Como náusea sem freio.


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