ou
O Mundo é a TEIA e ninguém percebeu.
Reverberações Poéticas do Devir: Linhas imaginárias de um
encontro em uma tarde como qualquer outra, mas em TEIA proposta por Lenine
Guevara e seus poderes delegados.
Um Deleite, um Deleuze.
*
T
E
I
A
Começou assim - dois pontos
( : )
Eu ( . ) + Marlon ( . ) estávamos saindo de um ensaio, era
sábado.
- Marlon, vamos para a Teia?
-Sim, Thaiz....vamos
e agora!
Não sei se por isso formamos uma dupla. Chegamos atrasados.
Tiramos os nossos sapatos achinelados. Nos olhamos. Um de frente para o outro. Emendando
nossos olhares até que podíamos sentir uma linha estreita que nos emulsionava. Um elo fisicalizado. Linha cheia de nós. Foi assim que o tempo anunciou sua queda livre. E
estávamos alados.
Depois a entrega dos elásticos. A voz fundamental dizia para
usarmos esse elemento novo. Um de frente para o outro. Marlon amarrou na
cintura. Eu, no pescoço. Tirei do pescoço porque limitava boa parte de meus
quereres e estampava minha explícita falta de liberdade. Estava alada e queria
voar, sim. Meu nó foi em um dos punhos. (Quem é livre neste mundo, afinal?)
Nossa festa começava. Uma dança onde o corpo dava seu
limite. Mesclados pelo limite de um elástico. Só depois pude perceber, de fato,
que não estávamos sozinhos. Tantos outros pares em elásticos e tantos olhares
elasticizados, impregnados de gente e movimento. O tempo despencou.
Elásticos em mãospéspunhoscinturascoxas formaram a grande
mandala-teia nas cores verde, marron, cinza, chumbo... mescladas aos tons
acobreados da tarde. Só em Ouro Preto existe uma tarde acobreada. E isso é
sério. Isso não é poesia. Cobres para cobrir as cobranças históricas? Isso
também é teia. Quero falar da nossa naquele instante-já. Do evento mágico. Das
linhas imaginárias sensoriais, do Acontecimento. De uma Cabala.
A
T
E A
I
T E
I
a A
T E i A
Se movia pelo espaço e queria conhecer a cidade. Tudo
parecia primeiro. Tudo era a primeira vez da
T i
E
A
T
E a
i
Rua das Escadinhas – Ouro Preto-MG: A Teia ateava fogo nas articulações do povo
que passava. A Teia conversava entre si em sons novos-de-contato. Um conxavo,
uma cumplicidade transcendia o movimento da
T ttttttt
E eeeeeeeee
I iiiiii
A hhhhh
E as duplas viraram motins aterrizando, plainando, decolando
no "ARANHA"-céu. E pude sentir o cheiro de todos os sapatos que pisaram naquela
rua, cada pedra repentinamente que compunha a subida (quanto mais subíamos as
escadinhas, mais estávamos perto - ou dentro - do outro e de nós. Numa nova dimensão, numa
bolha cósmica) Uma cadeia vibrante de corpos. Mandalas pulsando vida, fome,
busca pelo ser-potência de cada organela. Um corpo novo, uma centopéia, uma
Medusa, um minotauro, um banquete de Platão??!
Dentro de cada olho uma chave que abria uma outra porta.
Corredores em amálgamas. Pessoas transparentes, atravessamentos possíveis.
Fim das escadas. O topo. Sons no espaço urbano conversando
conosco. Um poliálogo, um multiálogo, uma paisagem, um ambiente sonoro.
Dentro
de cada ouvido uma chave que abria uma outra porta. Percepção de nova pista sonora, as entranhas da escuta, som em outra dimensão-acontecimento onde não habitava silêncio no coração da cidade. A chuva de ruídos contrapunha a legitimidade dos pássaros e do vento que esbarrava nas coisas.
TttTtTttTtTttTttTtTTtEEeeEeeEeEeeEeeEeeeeeEEeeEeiiiiiIiIiiIiIiIiIiiiAAAAAaaaA
aaAaaAattTtTttTTtttTtTtttTtteEeeeeeeEeeeeEeeiiiIiIIiIiiIiiIiAAAAaaAAaAaaAttTt
TTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTT
EEEEEEEEEEEEEEEE
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AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAtttteia,.W;>&l
t;^^^^^^uakdfjasGJKSAJGAJASJJDASH8ehypwo8rphy8hasd8yu8^^uakdfjasGJKSAJGAJAS
JJDASH8ehypwo8rphy8hasd8yu8yiasei
sfhysehyfsdjkzhldjhbjlkhncnkncnctata
tatatatatateteteteteteteteteiiiiiiiiii
aiaiaiaiaiaiaia
TTTTTTEEEIIIIAAAAAaaaaaaaaaaTEIA
T=E=I=A. T=E=I=A.T=E=I=A.
aaAaaAattTtTttTTtttTtTtttTtteEeeeeeeEeeeeEeeiiiIiIIiIiiIiiIiAAAAaaAAaAaaAttTt
TTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTT
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aiaiaiaiaiaiaia
TTTTTTEEEIIIIAAAAAaaaaaaaaaaTEIA
T=E=I=A. T=E=I=A.T=E=I=A.
T = E = I = A
Ta, te, TI , AT, EI, AE, IT,IE, ATA, ATE, ATI, EITA! TIA, TEA,
EITA! TATI, TETA, TITA, TEIA.
EITA!
Eu não sabia mais nada sobre elásticos, porque eles já
estavam em nós. (e em nós, de nós, de nós, de nós...ós... ós... ós.... ós.... ó.... ssssssssss.....s.......s........sssss)
Nós-pronome
Nós-falanges
Nós-enlaces
Nós-roteiro
Em nós. Sair da Teia não foi fácil. Desconectar a teia
não foi fácil. Eu quis estar dentro da caverna-do-laço eterno que selava-se ali, naqueles minutos de tempo
desabado. Agora fico procurando por ela, tentando refazê-la num movimento novo, num novo encontro com novos corpos. Por isso a conduzo em práticas de limpeza de ouvidos, de escuta, de captura sonora no espaço-tempo. E um dia a TEIA não irá caber em si. Essa talvez seja a ruptura que queremos, uma revolução dos sentidos. Outras dimensões mágicas, sinestésicas. Acessíveis.
T=e=i=a , dois pontos ( : ), Pontos ( ::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::...................) :
T
E
I
A
Artaud, Arteia. Norteia.A. Arte.das.Teias.
Por Thaiz Cantasini
Noite de 12 de janeiro de 2013
00:08h